sábado, 1 de maio de 2010

EmCantos que eu não sei explicar...



...Acho que é uma questão de amor

EmCantos que me fiz



Alamedas de concreto por onde trilhei o caminnho que me trouxe até o mar...

EmCantos do cerrado




Talvez a minha inquietude seja o resultado da mistura de uma dose da urgência e deboche ipanêmico-cazuzístico com uma pitada de inconformismo e rebeldia russo-brasílica...Mescla de um tanto de céu com um tanto de mar...

sábado, 27 de março de 2010

Urgência ...




Um verso só não me basta
Quero uma poesia de corpo inteiro...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Quelq'un m'ai dit...




"Circunda-te de rosas

Amas

Bebes

Cala

O mais é nada!"


(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 17 de março de 2010

GRITO DE ALERTA




PRECISO DE ALGUÉM, por Caio Fernando de Abreu


Meu nome é Caio F.

Moro no segundo andar,

mas nunca encontrei você na escada.




Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.

Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para falar, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, o ver, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão.

No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto - preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios - que importa?

(Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso.)
Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus.

Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço. Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas caírem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.

Crônica publicada no jornal "Estadão", Caderno 2 de 29 de julho de 1987

sábado, 13 de março de 2010

with blue everywhere



Soneto do Desmantelo Azul

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

Carlos Pena Filho

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ainda há por que lutar!

Há exatos 100 anos, a socialista alemã Clara Zetkin propôs, durante a 2a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas , realizada em Copenhague, na Dinamarca, a criação de um Dia Internacional da Mulher. Havia alguns anos, diferentes datas eram marcadas por jornadas de luta feminista, organizadas sobretudo em torno da defesa do voto feminino e da denúncia contra a exploração e opressão das mulheres. A partir daí, as comemorações começaram a ter um caráter internacional. Um século se passou e hoje, em todo o mundo, o dia 8 de março é uma data de celebração e afirmação da luta das mulheres por igualdade, autonomia e liberdade. Em São Paulo, o dia será marcado por uma manifestação no centro da capital, que reunirá feministas de diferentes regiões do estado pra dizer “ainda há por que lutar!”.


Com o ato, convocado por dezenas de organizações e movimentos populares, as mulheres querem celebrar as conquistas alcançadas em cem anos de mobilização coletiva, mas também mostrar que a luta por autonomia, igualdade e direitos segue atual e necessária. Bandeiras históricas como a divisão do trabalho doméstico, salário igual para trabalho igual, o combate à violência doméstica, a reivindicação de creches para todas as crianças e a defesa da legalização do aborto continuam na ordem do dia do movimento feminista.


Neste ano, estão entre as reivindicações das mulheres: a defesa da integralidade do Programa Nacional de Direitos Humanos, incluindo a resolução sobre o aborto, que foi alterada pelo governo federal; da Lei Maria da Penha, que vem sofrendo inúmeros obstáculos para sua implementação e legitimação; do Pacto Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, que embora assinado pelo governo de São Paulo até hoje não teve recursos liberados; e do Estatuto da Igualdade Racial. As feministas também denunciarão os efeitos da crise econômica na vida das mulheres, que foram as maiores vítimas do desemprego; a criminalização dos movimentos sociais; o acordo assinado entre o Brasil e o Vaticano, que viola a laicidade do Estado brasileiro; e o oligopólio da mídia, que invisibiliza as mulheres e suas lutas e desqualifica suas lideranças, estimulando a subalternidade e o preconceito. Haverá ainda manifestações de solidariedade e envio de doações às mulheres do Haiti.


Sobre o 8 de Março

Do final do século XIX até 1908, uma série de greves e repressões de trabalhadoras marcaram a construção do movimento feminista nos Estados Unidos. O primeiro “Woman’s day” foi comemorado em Chicago em 1908, e contou com a participação de 1500 mulheres. O dia foi dedicado à causa das operárias, denunciando a exploração e a opressão das mulheres e defendendo a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres, incluindo o direito ao voto. De novembro de 1909 a fevereiro de 1910, uma longa greve dos operários têxteis de Nova Iorque, liderada pelas mulheres, terminou pouco antes do “Woman’s Day”, realizado no Carnegie Hall, quando três mil mulheres se reuniram em favor do sufrágio, conquistado em 1920 em todo os EUA.


Neste ano, a socialista alemã Clara Zetkin propôs, na 2a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas , a criação do Dia Internacional da Mulher, que seguiu sendo celebrado em datas diferentes, de acordo com o calendário de lutas de cada país. Em 1914, ele foi comemorado pela primeira vez em 8 de março, na Alemanha. Mas é a ação das operárias russas no dia 8 de março de 1917 , precipitando o início das ações da Revolução Russa, a razão mais provável para a fixação desta data como o Dia Internacional da Mulher. Documentos de 1921 da Conferência Internacional das Mulheres Comunistas revelam a proposta de uma feminista búlgara do 8 de março como data oficial. A partir de 1922, a celebração internacional é oficializada neste dia.


Essa história se perdeu nos grandes registros históricos, mas faz parte do passado político das mulheres e do movimento feminista de origem socialista no começo do século. Numa era de grandes transformações sociais, o Dia Internacional da Mulher transformou-se no símbolo da participação ativa das mulheres para transformarem a sua condição e a sociedade como um todo.

domingo, 7 de março de 2010

Ética, anarquia e revolução: para voar como águias fitando o sol




terapia literária modernista I:

"Deixem o amor livre, absolutamente livre. Homens e mulheres encontrarão nas leis biológicas e nas necesssidades afetivas e espirituais io seu caminho, a sua verdade e a sua vida. A solução só poe ser individual. CADA QUAL AMA COMO PODE..."

(MOURA, Maria Lacerda de. Han Ryner e o amor plural. São Paulo: Unitas, 1928)

Coração modernista ou para tirar Pagu da solidão



bem poderia ter sido eu mesma que escrevi:

"Depois vieram os outros casos. Ele continuava relatando sempre. Muitas vezes fui obrigada a auxiiliá-lo para evitar complicações até com a polícia de costumes. O meu sofrimento mantinha a parte pprincipal de nossa aliança. Ele não era essencialmente sexual, mas perseguido pelo esnobismo casanovista, necessitava encher quantitativamente o cadastro e as conquistas. Eu aceitava, sem uma única queixa, a situação"
(GALVÃO, Patrícia. Paixão Pagu. Uma biografia precoce de Patrícia Galvão.)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ie ie ie com Banco Central deu samba...

O carnavak carioca poderia ser definido como um estado de espírito, um sopro no ar,ou talvez, um espírito santo que vem a terra e paira entre nós sem que se quer notemos sua presença! mas hoje, sexta-feira de carnaval, de maneira sutil, mas não menos arrebatadora, como uma visão de virgem aos olhos infantis, quase consegui tocá-lo.Completamente entediada com meus pensamentos, todos perpassados por altas taxas de juros, aliquotas, Paloccis e Mantegas, desci, fui até a rua comprar algo que me refrescasse deste calor onde até Camêlo anda passando mal, quando vi senhoras espalhadas pelo supermercado e pelas calçadas, com os cabelos presos com flores, carregando sacolas enfeitadas de paetês e até uma mais atrevidinha assumiu o lado folião e logo encampou uma máscara veneziana em pleno meio-dia.
Voltei para a minha sala fria, um pouco mais aquecida, e logo comecei a me animar. Pensei: puxa, como faz bem ler notícias de que o Banco Central vem baixando nossas taxas de juros Selic e que hj já temos o menor índice de inflação dos últimos anos. Me estranhei.
Foi quando percebi que ao fundo, aquele otimismo financeiro era embalado pela minha melodia predileta, que lá embaixo, não sei ao certo o quanto estaria longe, ecoava, e me fazia vibrar com as cifras de uma economia que se não nos faz rir, ao menos não tem nos dado desgosto: era a mulata bossa nova, que vinha se aproximando...lá no fundo um surdo fortemente batido e o repique de alguns tamborins davam o tom a uma meia dúzia de vozes eufóricas que daqui do 14º se podia ouvir! Quis cair no Haly Galy, mas ainda não era hora! Tudo bem: no final das contas o ie ie ie da mulata Bossa Nova com as manobras rocambolescas do Banco Central deram samba e até me tiraram um sorriso sincero!Abri a janela, mas não consegui avistar nada!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Saia de tule não é tolice



Quando era criança não gostava do carnaval...todo ano minha mãe me fantasiava de bailarinaa e lá iamos nós para o temível baile de carnaval do Clube da Praia Vermelha!!!Um ano me enchi e, então, fiz minha primeira revolução: com uma cartolina prateada fiz um cone e na ponta de um canudo colei uma estrela de papel recoberto por lantejoulas. Pronto: agora eu era uma fada. Mas afora os adereços, de resto, nada havia mudado. Acho que foi aí que aprendi que mais importante que a fantasia,o que faz um bom carnaval é a harmonia.
Hoje sou uma foliã nata, sei de cor todas as marchinhas, entôo o samba da minha escola mais alto que qualquer bamba, passo dias colando paetês e purpurinas, bolando fantasias e buscando harmonia pro meu coração que teima em descompasar!
Enquanto as batidas desse instrumental batem isoladas, vou caprichando na alegoria! Decidi reinventar a fadinha da infância, mas dessa vez sem modéstia, com direito a saia de tule, varinha de condão prateada e asinhas de meia japonesa! Saia de tule não é tolice não...modéstia é bobagem quando se trata de buscar harmonia para um coração folião...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Mais que um desejo...



Tanta espera, o reencontro, o encontro feito, o abraço, os corpos que se juntam, as bocas que se atraem, lânguidos movimentos ritmicamente descompansados em perfeita harmonia, o se entregar ao desejo e depois ao sono que leva, enfim, de volta ao que jamais cessou...um calar de vozes e um despertar na penumbra para a consciência de que o hoje nada mais é que um outro dia depois do ontem que não volta mais, mas que ficará aqui, guardado, eternamente dentro de mim.
Da aflição dos dias em que se lamentava o não esquecer algo que a inconsciência não permitiu que se guardasse na lembrança, passou-se a aflição de não querer lembrar daquilo que a inconsciência jamais deixará esquecer: impossível...já não sou mais o dono de mim!
Perdida entre a sublimação de um desejo não mais silenciado e a exaltação silenciada pelo desejo de esquecer para não mais sublimar o que só cresceu e se arraigou, grito, esperneio, bato os pés como uma criança que mimada pelo dono que a fez sentir o gozo de todo o desejo que ela própria fez brotar, não aceita o castigo de não mais experimentar na pele a ternura e a sofreguidão daquele jeito de sentir prazer.
Da espera do econtro sobrou somente o arrepio na pele e o desejo: meu ponto de referência...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Terapia para medo de voar




O anúncio dizia assim: "TERAPIA PARA MEDO DE VOAR: : Grande índice de sucesso"

Acho que segunda próxima deixo minha analista froidiana e parto atrás dessa sugestão de um canto de página qualquer do Google: se a primeira, com seus títulos, pode diagnosticar o medo, talvez o alçar vôo seja só uma questão de técnica, treino, teimosia e coragem para mudar, sair de traz das pilastras que me separam do mundo e enrfentar a vida sem muretas de proteção...
Acho que segunda deixo Freud e me inicio na terapia Dumontiana, e aí viver será apenas uma questão de boa imaginação...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dramas do sucesso...



Todos os dias têm sido assim...
me levanto,pego uma xícara de café com um bocadinho de açúcar para despertar melhor e vou até a janela. Olho para um lado, vejo o mar e peço à rainha das águas que me dê garra para enfrentar mais um dia da vida que eu mesma escolhi pra mim. Não há outros culpados ou responsáveis: fui eu mesma quem lancei minha sorte!Oxalá, seja feita a vossa vontade!!!
Tomo um gole do café que a esta altura já está menos fumegante,olho o morro verde e ainda molhado de chuva que vejo em frente, por trás dos prédios altos e já desgastados da marisia e do tempo que não deixa de passar para nada nem ninguém, penso um pouco. Às vezes até deixo cair algumas lágrimas, ou quando elas não vêm apenas penso que seria bom poder chorar um pouco, ainda que satisfeita e feliz com o destino. Olho para o outro lado e, novamente, lá está ele de braços abertos. Agora um pouco mais distante que na antiga morada, mas ainda está lá, e a ele peço que olhe por mim enquanto saio de casa para vencer.
Entre Iemanjá e o Cristo de braços abertos estou eu, meu café agora quase morno, e a minha vontade de ficar ali, como era antes, com meus livro e meus acervos, todos convertidos em megapixels armazenados em minúsculos dispositivos que, quanto menores, parecem tanto mais capazes de armazenar até o contentamento e a desolação que acompanha a longa jornada que é transformar aquele amontoado de informações em conhecimento, que sabe-se lá quem vai querer conhecer.
Tomo o último gole de café, agora quase frio, e vou me arrumar. Apesar do calor bonito e aterrador, pego um casaco de lã para esquentar as horas em que, como uma iluminista do século XXI, escrevo verbetes e tento colocar um pouco de ordem nesta grande enciclopédia biográfico-brasileira que de tanto tentar explicar coisas já quase fundiu minha cuca!
E lá vou eu, a John Locke Tupiniquim da era digital, pegar um ônibus que me leve até o grande laboratório de idéias onde passo, todos os dias, uma porção de horas na expectativa de que, de fato, como dizia o Locke inglês, o homem adquira um cadinho de conhecimento ao longo de sua empírica jornada!
Pelo caminho vou vendo as pessoas passarem enquanto o ônibus segue o mesmo percurso de todos os dias, dou um profundo cochilo de não mais que 5 minutos, até que chega a hora de descer. Desajeitada com bolsa, sacola, mpb nos ouvidos e um turbilhão de coisas na cabeça, consigo descer as escadas, meio trôpega, mas sem tropeçar, e eis que, novamente, me deparo com o mesmo Cristo, ainda com seus braços abertos!Puxa...
agora ele parece estar mais próximo.Novamente o olho, sinto uma breve impressão de que não me movi, de que se quer tomei aquela primeira xícara de café ou mesmo que derramei, se derramei, a primeira lágrima! mas o sinal vermelho pisca, os carros param, as pessoas afobadamente passam por mim, até que me embrenho por entre elas e então sinto que me movi, apesar do Cristo continuar ali, de braços abertos, agora mais próximo, eu mais distante e, ainda assim, feliz, bem feliz, com os dramas do sucesso que é viver cada dia!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Daqui de cima ainda o vejo...distante



"Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados vão parar
Entre escadas que movem os pés
E relógios que rodam para trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava jamais..."

O Cristo é o mesmo, mas mudaram as janelas, os ares, a vizinhança se tornou um pouco mais humana, mais rica de espírito, ainda que miserável até!
A praça lá em baixo é até mais limpa q a anterior, mas tem cheiro de gente, as pessoas são anônimas...vão para a praça não para apreciar o panteão aos heróis que morreram dormindo, nem o bondinho, nem invejar os moradores que habitam aquela espécie de ilha da fantasia sem Peter Pan nem Sininho...aqui são idosos que jogam cartas, apostam moedas, que caminham o mesmo pequeno percurso incontáveis vezes(na realidade, não mais q duas demoradas idas e vindas) até se sentirem exaustos, além das empregadas q ali paqueram os guardadores de carro e dos moleques q ficam bispando a próxima carteira desavisada que irão solapar!!!
Aqui o cheiro é diferente, o Cristo me olha de outro ângulo, eu o vejo com outros olhos, mas a busca continua a mesma: procuro a cumplicidade de um olhar e de um toque!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Preciso de um diagnóstico...



Hoje estive na Urca e senti saudade de ver a chuva desta varanda...também era bonito ver o reflexo da paisagem no vidro,pelo lado de fora! Senti saudade...
Mas a saudade foi só mais uma sensação das muitas que tem me tomado ultimamente..
Acho que preciso de um diagnóstico: a cabeça parece um turbilhão de idéias, sinto palpitações descompassadas, uma dor na boca do estômago,
uma vontade de chorar enquanto morro de gargalhar por qualquer coisa, vontade de viver muito, experimentar tudo e rápido, enquanto lentamente me encaminho para o meu quarto onde só penso em me fechar e dormir o quanto puder até que possa acordar sem mais me lembrar dessa vontade de estar junto todo o tempo!
Preciso de um diagnóstico para saber do mal, ou do bem, que padeço...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Andança...



Já se vai quase um ano de quando tirei essa foto, e ainda hoje acredito no que eu pensava naquele momento, num intervalo entre páginas de um bom romance português e o contemplar de uma bela paisagem das águas que nos ligam a estes nossos pattrícios: que felicidade vai ser o dia em que a minha caminhada for como um cantarolar dos versos desta canção:

Vim tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa
Vagando em verso eu vim
Vestido de cetim
Na mão direita rosas
Vou levar
Olho a lua mansa a se derramar
Ao luar descansa meu caminhar
Seu olhar em festa se fez feliz
Lembrando a seresta que um dia eu fiz
Por onde for
Quero ser seu par
Já me fiz a guerra por não saber
Que esta terra encerra meu bem querer
E jamais termina meu caminhar
Só o amor me ensina onde vou chegar
Por onde for
Quero ser seu par
Rodei de roda andei
Dança da moda eu sei
Cansei de ser sozinho
Verso encantado usei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei
No passo da estrada só faço andar
Tenho a minha amada a me acompanhar
Vim de longe léguas cantando eu vim
Vou não faço tréguas sou mesmo assim
Por onde for
Quero ser seu par
Já me fiz a guerra por não saber
Que esta terra encerra meu bem querer
E jamais termina meu caminhar
Só o amor me ensina onde vou chegar
Por onde for
Quero ser seu par
No passo da estrada só faço andar
Tenho a minha amada a me acompanhar
Vim de longe léguas cantando eu vim
Vou não faço tréguas sou mesmo assim
Por onde for
Quero ser seu par
Já me fiz a guerra por não saber
Que esta terra encerra meu bem querer
E jamais termina meu caminhar
Só o amor me ensina onde vou chegar
Por onde for
Quero ser seu par
Quero ser seu par

sábado, 16 de janeiro de 2010

Das janelas do Barão



O mais legal de ir a arquivos fazer pesquisa é buscar a beleza que faz deles muito mais que mero depósito de papeis...Depois de atravessar um imenso corredor de granito preto, perfilado por bustos de bronze dos nossos primeiros ministros das Relações Exteriores, nos deparamos com essa janela, sempre entre-aberta, por onde a luz teima em entrar e que sempre nos convida aos encantos dos jardins do Itamaraty, com suas palmeiras imperiais, seus cisneis e belas flores que de tanta suavidade se contrapõem às sizudas pilastras de marmore carrara que sustentam a tradição e as memórias do velho barão...