terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Mais que um desejo...



Tanta espera, o reencontro, o encontro feito, o abraço, os corpos que se juntam, as bocas que se atraem, lânguidos movimentos ritmicamente descompansados em perfeita harmonia, o se entregar ao desejo e depois ao sono que leva, enfim, de volta ao que jamais cessou...um calar de vozes e um despertar na penumbra para a consciência de que o hoje nada mais é que um outro dia depois do ontem que não volta mais, mas que ficará aqui, guardado, eternamente dentro de mim.
Da aflição dos dias em que se lamentava o não esquecer algo que a inconsciência não permitiu que se guardasse na lembrança, passou-se a aflição de não querer lembrar daquilo que a inconsciência jamais deixará esquecer: impossível...já não sou mais o dono de mim!
Perdida entre a sublimação de um desejo não mais silenciado e a exaltação silenciada pelo desejo de esquecer para não mais sublimar o que só cresceu e se arraigou, grito, esperneio, bato os pés como uma criança que mimada pelo dono que a fez sentir o gozo de todo o desejo que ela própria fez brotar, não aceita o castigo de não mais experimentar na pele a ternura e a sofreguidão daquele jeito de sentir prazer.
Da espera do econtro sobrou somente o arrepio na pele e o desejo: meu ponto de referência...

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